Meus queridos,

Aproveitando que agora temos um blog, disponibilizo o texto que preparei, com base em diversas fontes como o Youtube, Wikipedia, sua autobiografia e artigo de o Reformador da FEB, para homenagear nossa irmã Yvonne Pereira, utilizado na nossa reunião de ontem 27/12/2020.

Para sua leitura, reflexão e comentários.

abraço


Yvonne do Amaral Pereira (Rio das Flores[ 24 de dezembro de 1900 — Rio de Janeiro9 de março de 1984)

Foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.

Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas. O médico e o farmacêutico da localidade chegaram a atestar o óbito por sufocação. A família preparou o corpo da bebê para o velório, colocando-lhe um vestido branco e azul, adornando-a com uma grinalda, e encomendaram o pequeno caixão branco. Vendo que se aproximava a hora do enterro, sua mãe retirou-se para o interior da residência da família para orar. Devota de Maria de Nazaré disse que se fosse da Sua vontade que a filha partisse ela compreenderia, mas que se não fosse que ela pudesse retornar. Quando voltou ao aposento, estendeu suas mãos sobre a bebê que ainda estava no berço e ela acordou chorando.

Yvonne cresceu numa família espírita. Era comum a família abrigar pessoas necessitadas, vivências que, segundo Yvonne, marcariam sua vida para sempre.

Com quatro anos de idade, a menina já dizia ver e ouvir espíritos, os quais, segundo ela, considerava como pessoas normais. Dois dos amigos invisíveis apareciam com mais frequência:

·       Charles, quem ela considerava seu verdadeiro pai, devido a lembranças que teria de uma encarnação anterior, em que a "entidade" foi seu pai.

·       Roberto de Canalejas, que foi um médico espanhol de meados do século XIX que fora seu marido em reencarnação nessa época na Espanha.

As visões lhe perturbavam, e vinham junto com uma imensa saudade do que seria uma encarnação anterior, na Espanha, que, dizia, recordava com clareza. Considerava seus atuais familiares, principalmente o pai e os irmãos, como pessoas estranhas, assim como estranhava a casa e a cidade onde morava.

Aos oito anos de idade, a menina viveu novo episódio de catalepsia. Certa noite, durante o sono, percebeu-se diante de uma imagem do Senhor dos Passos pedindo socorro, pois sofria muito. A imagem, então, animando-se, dirigiu-lhe as palavras: "Vem comigo minha filha: será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam." A menina, aceitando a mão que lhe era estendida pela imagem, subiu os degraus do altar e não se lembrou de mais nada.

Nessa idade teve o primeiro contato com um livro espírita. Posteriormente, aos doze anos, ganhou de presente do pai O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos. Aos treze anos de idade começou a frequentar sessões práticas de Espiritismo.

Yvonne teve como estudos apenas o antigo curso primário (atual primeiro segmento do ensino fundamental). Devido às dificuldades financeiras da família não conseguiu prosseguir nos estudos. Para auxiliar a família, e o próprio sustento, dedicou-se à costura e ao bordado, e ao artesanato de rendas e flores. Tendo cultivado desde a infância o estudo e a leitura, completou a sua formação como autodidata, pela leitura de livros e periódicos. Aos dezesseis anos já tinha lido obras clássicas de Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros.

A partir dessa idade, fase da adolescência, a mediunidade tornou-se um fenômeno comum para Yvonne, que dizia receber a maior parte dos informes de além-túmulo, crônica e contos em desdobramento, no momento do sono físico.

A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à psicofonia e ao passe e, até mesmo, em algumas ocasiões, aos chamados efeitos físicos de materialização, tendo o relato feito por ela mesma da materialização de Frederick F. Chopin, em seu quarto, por várias vezes. Dedicou-se à atividade de desobsessão. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu.

Um dos aspectos mais marcantes de sua atuação mediúnica foi a sua independência, que questionava com fundamento os entraves burocráticos que algumas casas espíritas impõem aos seus trabalhadores. Esperantista atuante, trabalhou na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior.

Obra

A obra mediúnica de Yvonne Pereira monta a uma vintena de livros. Embora desde 1926 tenha escrito numerosas obras psicografadas, somente decidiu publicá-las na década de 1950, segundo ela mesma, após muita insistência dos "mentores espirituais". Dentre as mais conhecidas destacam-se:

·     Memórias de um suicida (Rio de Janeiro: FEB, 1955. 568p.) – ditada pelo Espírito Camilo Castelo Branco e, posteriormente revisada pelo Espírito Léon Denis. Constitui-se num libelo contra o suicídio, descrevendo em sua primeira parte, os sofrimentos experimentados pelos que atentaram contra a própria vida. Na segunda e na terceira partes focaliza os trabalhos de assistência e de preparação para uma nova encarnação. Esta obra é considerada um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre o suicídio sob o ponto de vista doutrinário espírita.

·       Nas Telas do Infinito – apresenta duas novelas: uma do Espírito Dr. Bezerra de Menezes e outra de Camilo Castelo Branco.

·       Amor e Ódio (Rio de Janeiro: FEB, 1956. 553p.) – ditada pelo Espírito Charles, enfoca o drama de um ex-aluno francês do Prof. Rivail (Allan Kardec), o artista Gaston de Saint-Pierre, acusado de um crime que não cometera. Após grandes padecimentos, recebe os esclarecimentos elucidativos por meio de um exemplar de O Livro dos Espíritos, à época em que este foi lançado pelo codificador.

·       A Tragédia de Santa Maria (Rio de Janeiro: FEB, 1957. 267p.) – do Espírito Dr. Bezerra de Menezes, ambientado em uma fazenda de café em Vassouras (RJ), trata da história real de uma rica família escravocrata, sobre cuja uma tragédia se abateu. Mostrando o ontem e o hoje, o romance de Bezerra é destinado sobretudo "a essa juventude tão rica de generosos pendores, tão enamorada de ardentes ideais quanta desordenada e inconsequente em suas diretrizes, e a quem escasseiam exemplos edificantes, lições enaltecedoras".

·       Ressurreição e Vida (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 314p.) –  do Espírito Léon Tolstoi, compreende seis contos e dois minirromances ambientados na Rússia dos czares.

·       Nas Voragens do Pecado (Rio de Janeiro: FEB, 1960. 317p.) primeiro volume de uma trilogia atribuído ao espírito Charles, relata a trágica história do massacre dos huguenotes na Noite de São Bartolomeu  (23 de agosto de 1572), durante o que seria uma encarnação anterior da médium, na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle.

·       O Cavaleiro de Numiers (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 216p.) - segundo volume da trilogia, mostra outra encarnação da médium, ainda na França, na personalidade de Berth de Sourmeville.

·       O Drama da Bretanha (Rio de Janeiro: FEB, 1976. 206p.) – terceiro e último volume da trilogia, ilustra como a médium, agora na personalidade Andrea de Guzman, não consegue suportar os embates de sua expiação e se suicida por afogamento no rio Tejo em Portugal.

·       Dramas da Obsessão (Rio de Janeiro: FEB, 1964. 209p.) – atribuído ao espírito Bezerra de Menezes, compreende duas novelas abordando o tema obsessão.

·       Sublimação (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 221p.) – apresenta dois contos atribuídos ao espírito Charles (um ambientado na Pérsia e outro na Espanha) e três contos atribuídos ao espírito Leon Tolstoi (ambientados na Rússia).

·       Leila, A Filha de Charles : a obra não é de autoria de Yvonne, e sim de Denise Corrêa de Macedo pelo espírito Arnold de Numiers. Porém o romance retrata a penúltima reencarnação de Yvonne como Leila de Vilares Montalban Guzman, uma jovem espanhola que acabou por suicidar-se no rio Tejo. O Espírito Charles que acompanhou Yvonne seria seu pai quando a mesma era Leila e o espírito Roberto de Canallejas seria seu marido.

Como escritora, publicou muitos artigos em jornais populares, produção atualmente desconhecida, que carece de um trabalho amplo de recuperação. São ainda da autora:

·       A Família Espírita

·       À Luz do Consolador (Rio de Janeiro: FEB, 1997. ) - coletânea de artigos da médium na revista Reformador, originalmente entre a década de 1960 e a de 1980.

·       Cânticos do Coração (Rio de Janeiro: Ed. CELD. 1994. 2 v. 246 p.) - coletânea de artigos publicados no jornal Obreiros do Bem.

·       Contos Amigos

·       Devassando o Invisível (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 232p.) – a autora desenvolve uma dezena de estudos sobre temas doutrinários, com base em suas experiências mediúnicas.

·       Evangelho aos Simples

·       O Livro de Eneida

·       Pontos Doutrinários – reúne crônicas publicadas na revista Reformador.

·       Recordações da Mediunidade (Rio de Janeiro: FEB, 1966.) – a autora discorre sobre reminiscências de vidas passadas, arquivos da alma, materializações, premonição e obsessão.

·       A Lei de Deus


7 comentários:

  1. Excelente explicação e resumo bibliográfico de um espírito extremamente evoluído e que nos trouxe conhecimento e esclarecimentos. A obra Memórias de um Suicida soa além do conteúdo rico em detalhes como um alerta para que não sejamos tentados a por fim no que temos de mais sagrado, a Vida. Muito obrigado pela oportunidade e conhecimento ofertados!

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    1. Caro Aloizio,

      Obrigado pela atenção e pelo carinho de sempre.
      Sem dúvida nossa companheira Yvonne é um baluarte da nossa doutrina.
      Abraço grande

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  2. Assisti o vídeo e tb li seu resumo. É maravilhoso poder conhecer a vida e a obra de um espírito tão evoluído como d Yvonne. Aprendo muito com essas homenagens que você faz aos domingos. Muito obrigada Paulo. Abraços Walkiria

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    1. Olá Walkiria,
      Realmente é uma aprendizagem para todos nós. Desconhecemos muito do que esse bravos lutadores do início do século XX em diante fizeram pelo Espiritismo no Brasil e no Mundo.
      Fico feliz que esteja gostando, pois eu também aprecio muito poder estudar a vida de todos essas nossas referências.
      Abraço grande

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  3. Baita trabalho de pesquisa, parabéns!!!!
    Tomar conhecimento dessa lutadora é emocionante também!!!

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    1. Olá Jorge,
      Obrigado pelo seu comentário.
      Yvonne do Amaral Pereira realmente é o que se pode chamar de missionária, com tantas possibilidades de trabalho na obra de divulgação do Espiritismo e do Evangelho de Jesus.
      Abraço grande

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Obrigado por seu comentário... Assim que for lido será respondido!!! Abraço

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