“Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?”
(João 13:12)
Relembrando
a cena da última ceia de Jesus com seus discípulos, antes da sua condenação e
crucificação, vamos encontrar todos os comensais celebrando, com bebida e
comida típicas, a festividade que comemorava a fuga do povo hebreu do Egito.
Era um momento de intimidade com Jesus, em que reinavam a confiança e a
tranquilidade, estando, a maioria deles, felizes naquele instante em que se
dedicavam ao convívio com o Mestre, pois podiam ouvi-lo e compartilhar de sua
presença mais intensamente.
Porém,
Jesus, sabedor dos fatos dolorosos que se seguiriam àquela festividade, no
intuito de deixar mais uma lição, não só para aqueles que desfrutavam de sua
companhia naquele momento, mas também para a posteridade, levantou-se e retirou
sua capa, cingindo-se[1]
com uma toalha, como era típico dos escravos e serviçais das casas nobres da
época, e começou a lavar os pés dos discípulos, fato que gerou surpresa, diante
do não entendimento do que aquela atitude significava.
Pedro, o
mais exaltado, talvez, afirmou que jamais permitiria que o Mestre lhe lavasse os
pés, pois, para ele, isso era inadmissível. Jesus, no entanto, responde que “se eu não te lavar, não tens parte comigo”[2].
Diante dessa afirmativa, dita com total autoridade, Pedro, então,
conformando-se permitiu que aquele ato se concretizasse, de acordo com a
vontade do Mestre.
Voltando,
em seguida ao seu lugar, Jesus continuou sua exemplificação, e ofereceu a todos
o pão e o vinho, para que todos se alimentassem, completando a ação com as
belíssimas palavras: “Fazei isso em
memória de mim”[3]
Muito
significativa é a resposta de Jesus a Pedro, pois esta indicava que, para se
ter parte com o Mestre, deve o verdadeiro discípulo aceitar as situações que se
lhe apresentarem durante sua vida, por mais absurdas que possam parecer.
Porém, o homem que só consegue raciocinar as
coisas do céu através das coisas da Terra, logo materializou o ensinamento em
um ato simbólico, buscando simplificar e possibilitar a sua prática,
imaginando, dessa forma, poder ter parte com Jesus, pelo simples cumprimento de
uma formalidade. A pergunta feita por Jesus continua vibrando: “Entendeis o que vos tenho feito?”
Sabemos
que, na faixa de evolução em que nos encontramos, ainda muito materializada, o
ser humano necessita representar o ensino do Mestre em algo palpável, para que possa
ser realizado sem maior dificuldade. Mas, a simbologia do ato transcende
quaisquer ações materialistas, exigindo-nos maior grau de raciocínio e
entendimento.
Jesus é
um Mestre de ação. Usava a palavra para comunicar, no entanto agia sempre em
consonância com sua fala, demonstrando, pelo exemplo, aquilo que ensinava. Dessa
maneira, devemos sempre procurar a significação maior, mais ampla, nos menores
atos praticados por Ele, para que encontremos o verdadeiro ensinamento.
Nessa
passagem há a exemplificação da necessidade do servir, reforçando o mandamento que todo cristão deve ter como lema:
“que vos ameis uns aos outros como eu vos
amei”[4].
Ser um
servidor é corresponder ao padrão que Jesus indicou para seus seguidores: “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os
pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.”[5],
ensino profundo que deve ser observado não só em momentos específicos, mas
durante toda a vida do cristão consciente.
O Divino
Mestre deixa como exemplificação máxima a humildade, indicando-nos que essa
deve ser a opção do verdadeiro cristão, que será reconhecido por sua capacidade
de desprendimento. Deixa, às vésperas do encerramento de sua missão terrena, a mensagem
do servir àqueles que nos rodeiam, pois todos somos irmãos em Cristo.
Esse
ensino assume, no entanto, maior significância para o espírita convicto, pois
está devidamente esclarecido sobre o mundo espiritual, devendo essa sua
capacidade de servir estender-se além dos limites do mundo corpóreo.
No
entanto, o exercício da humildade é uma tarefa muito difícil, como bem o sabemos,
pois o nosso orgulho grita com voz insidiosa para buscarmos primeiramente os
próprios interesses, em detrimento do auxílio ao nosso próximo.
A
maioria de nós, todavia, tem muito mais o desejo de ser servido. Queremos ser
recompensados e receber as pompas que acreditamos ser nosso direito. Consequentemente,
agindo dessa forma, ousamos colocar Jesus e seus mensageiros, na posição de
nossos serviçais, quando exigimos que nos atendam em todos os nossos pedidos e
desejos, por mais mesquinhos que estes possam ser, constituindo-se essa
atitude, em essência, uma total subversão de Seu ensinamento.
No
entanto, voltando à nossa análise daquele momento de grande significância para o
mundo, após Jesus ter sofrido o doloroso peso da ignorância humana, ressurge
resplendente, primeiro à Maria de Magdala, e, no mesmo dia, segundo relata-nos o
Evangelho de Lucas (24:13), aparece a dois de seus discípulos que caminhavam
para uma aldeia próxima de nome Emaús.
Quando se
aproximou deles, porém, também não O reconheceram de imediato. Conversaram por
todo o caminho, contando estes, ao peregrino estranho, o que ocorrera em
Jerusalém naqueles dias, e o Mestre, ensinando-lhes uma vez mais, relembrava-os
de tudo que já havia sido previsto a respeito da vinda do Messias, citando Moisés
e os profetas.
O que mais
nos chama a atenção, nesta passagem do Evangelho de Lucas, é que os discípulos não
reconheceram Jesus, mesmo quando o Mestre lhes relembrava os ensinos contidos
nas escrituras a respeito da vinda do Messias. Esse reconhecimento só aconteceu
quando os viajantes, já assentados à mesa da refeição, percebem a presença do
Mestre, quando Este, ao repartir o pão, o serve aos companheiros de viagem. É
somente nesse momento que os discípulos O reconhecem, ficando maravilhados.
Gostaríamos
de reforçar que Jesus só foi reconhecido quando serviu os discípulos, da mesma maneira que houvera feito durante a
ceia pascal antes de sua crucificação.
Trazendo
essa análise para o nosso dia a dia, seria recomendável refletirmos sobre como anda
nossa relação com o Mestre. Será que reconhecemos o Cristo quando se apresenta
em nossas vidas?
Ele está
ao nosso lado verdadeiramente, através de seus ensinos contidos nos Evangelhos,
mas, com frequência, não o reconhecemos.
Revela-se
o Divino Amigo em nossas vidas, toda vez que temos a oportunidade de lavar os
pés de nosso próximo, ou seja, atender aos necessitados, amparar o que está
desiludido, orientar aqueles que andam pelas trevas do erro e do desespero.
Igualmente
aos discípulos da cena imorredoura de Emaús, não enxergamos o Cristo, pois estamos
enceguecidos pelo nosso orgulho e vaidade, pelo egoísmo que nos impede de reconhecer
Jesus naqueles que se aproximam de nós, e que nos pedem ajuda.
Nossa
visão está turvada pelos intensos apelos da nossa inferioridade espiritual, que
nos impede de perceber que nunca estamos sozinhos, e que as dificuldades do
caminho nada mais são do que oportunidades para o exercício do mandamento que
Jesus nos deixou: “amai o vosso próximo
como a vós mesmos”.
Simbolicamente,
Jesus reforça a necessidade da humildade e do servir. Essa é a chancela pela
qual ele quer ser reconhecido por nós, seus irmãos menores. Servir e não ser
servido!
Praticar
a caridade é o melhor meio de servirmos ao nosso próximo, pois esta é o amor
vivido e verdadeiro. Amor que não cobra e não espera recompensa. O verdadeiro
amor apenas dá e compreende as dificuldades do outro até para, eventualmente, poder
receber.
Paulo de
Tarso, o apóstolo dos gentios, assevera-nos: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo.”[6] Imitar o Cristo significa não se restringir a atos
mecânicos, mas sim, fundamentalmente, exercitar o amor sincero no serviço
àqueles que compartilham o nosso caminho.
Somente
assim seremos reconhecidos por Jesus como seus verdadeiros seguidores. “Fazei isso em memória de mim!”
Realmente atraves do conhecimento das leis divinas encontraremos a paz interior. Nao so o conhecimento mas a pratca tb
ResponderExcluirOlá você... pena que não houve a identificação do seu nome... Da próxima vez que comentar, procure identificar-se assim poderei responder mencionando seu nome.
ExcluirSempre teoria e prática andando juntas!!!
Abraço e obrigado
Estamos na tentativa de aprendizado.
ResponderExcluirOlá Marli,
ExcluirObrigado por escrever.
Sempre persistentes e perseverantes....!!!
Abraço grande
Paulo, vc sempre ativo e presente nos momentos importantes para nós,quanto a passagem de nosso Mestre na Terra. É sempre bom lembrarmos q estamos comemorando seu aniversário "Natal" !!!
ResponderExcluirOlá você,
ExcluirPena que seu comentário saiu "não identificado".
Obrigado por suas palavras de estímulo.
Este blog terá como meta principal trazer sempre comentários e análise sobre a mensagem de Jesus, à luz da Doutrina dos Espíritos.
abraço grande
Temos que ativar na prática nossa perseverança em sermos aprendizes do Cristo.Abraco!
ResponderExcluirOlá Valter,
ExcluirGostei, utilizando os jargões da Internet: "Não basta assinar, tem que confirmar a presença, para indicar que não é um robot"...
Abraço grande
Oi Paulo! Assim como o Cristo foi reconhecido pelos seus apóstolos, da forma como cortou o pão 🍞, nós tbm somos marcados pelos outros, por nossos atos, e, não por aquilo que falamos. Agradecida. nair.camarinho13@gmail.com
ResponderExcluirOlá Nair,
ExcluirObrigado pelos seus comentários....
Sem dúvida, o exemplo sempre falará mais alto.
Abraço grande